A Democracia não é desculpa para enganos.
A tua frase “a democracia não existe” (link) parece forte, mas cai por terra quando olhamos bem. É um grito amargo, sim, mas não é um argumento sério. É apenas mais um som vazio que o CHEGA gosta de repetir para fingir que descobriu uma grande verdade escondida. Mas não descobriu nada. Só repete raiva.
Dizes que vivemos numa “partidocracia” e numa “plutocracia”. Mas não explicas nada. Não dizes o que essas palavras querem dizer. Não dizes como são diferentes de uma democracia real. Só atiras termos caros para parecer que tens razão. É truque velho. É retórica barata. E funciona em quem já vai enganado, não em quem pensa.
A ideia de que “o povo ficou na mesma” desde a monarquia é tão absurda que até mete vergonha. Tivemos direitos novos, trabalho com regras, escola para todos, saúde pública, voto livre. Nada disto existia antes. Mas para ti nada mudou. É uma mentira fácil, feita para alimentar o medo e a raiva. É isso que o CHEGA vende: raiva de pacote, pronta a usar.
Dizes também que “os políticos odeiam o povo”. Outra frase grande, outra prova nenhuma. É impossível provar isso. É psicologia de bolso. É só conversa para incendiar a malta e desviar a atenção dos problemas reais: salários baixos, casas caras, serviços que falham. Mas para CHEGA, resolver problemas não dá votos. Gritar dá. Enganar dá. Criar drama dá.
O teu argumento ainda cai numa contradição enorme: usas a ideia de democracia para dizer que a democracia não existe. Negas a soberania enquanto pedes a soberania. É conversa circular. É argumento que dá voltas até cair no chão.
E há outra coisa: nunca dizes o que poderia provar que estás errado. Quando uma ideia não pode ser testada, é dogma. Não é política. É fé cega. É isso que o CHEGA quer: seguidores que acreditem sem pensar, sem perguntar, sem duvidar.
A verdade é simples: a democracia existe, mas é imperfeita. Sempre foi. Sempre será. Porque é feita por pessoas reais, não por fantasias populistas. A crítica é necessária, sim. Mas crítica séria, não ruído. Não gritos. Não teorias ocas.
O teu discurso não mostra critérios, não mostra provas, não mostra lógica. É apenas emoção crua servida como verdade. E isso é perigoso. É assim que o CHEGA cresce: com frases grandes, ideias pequenas e zero responsabilidade.
Se queremos um país melhor, não é com ruído que lá vamos. É com razão, com dados, com debate sério. E isso assusta muita gente que vive da mentira fácil. Mas é o único caminho que vale alguma coisa.
