Rigor contra a falácia


A defesa da liberdade exige rigor, não histeria nem manipulação.

O discurso político português vive uma epidemia de simplificação tóxica. A Oposição, refém da sua própria ignorância, insiste em confundir Social-Democracia com tirania, como se a Constituição de Abril fosse um espelho de Pyongyang. Esta falácia não é inocente, é a arma de um extremismo que prospera na desinformação e no medo.

Há quem proclame a liberdade enquanto idolatra o autoritarismo, quem invoque o povo enquanto o manipula. É o velho truque da retórica tirânica: confundir o eleitor, degradar o debate, semear o pânico. A Extrema-Direita não procura a verdade, procura um inimigo conveniente. A sua força nasce do medo; a sua fraqueza, do vazio intelectual.

A Social-Democracia, pelo contrário, ergue-se sobre o rigor, o pluralismo e a defesa incondicional dos direitos humanos. O Partido Socialista não se ajoelha perante líderes nem slogans; responde perante a Constituição e o povo. Recusamos a ditadura, qualquer que seja a sua cor. A liberdade não é negociável, nem a justiça social é um crime.

O extremismo, travestido de moralismo, banaliza o sofrimento e deturpa a história. Usa o nome de regimes estrangeiros para desqualificar quem luta pela equidade. Mas não há lógica possível que equipare a democracia portuguesa à tirania. O que há é má-fé, ignorância e manipulação deliberada.

Quem ataca a Social-Democracia com o espantalho da Venezuela ou da Coreia do Norte revela apenas o receio de um país mais justo. Confundir justiça social com autoritarismo é o delírio lógico de quem teme a igualdade. E o medo, quando governa, destrói tudo: o debate, a confiança e a própria democracia.

A política não é o campo da histeria, mas da razão. A Constituição é o antídoto contra os tiranos, não o seu disfarce. É urgente restaurar o pensamento crítico, o respeito pela evidência e a coragem de discordar sem cair na demência ideológica.

Rejeitem a falácia. Rejeitem o medo. Exijam rigor. O futuro de Portugal não pode ser construído sobre a mentira, mas sobre a lucidez. A ignorância não é um argumento: é um instrumento de poder. A justiça não se impõe pelo grito, mas pela razão. E a razão, essa que os extremistas tanto temem, continua a ser a mais revolucionária das virtudes.

Portugal precisa de pensamento, não de pânico. A liberdade exige rigor, e o rigor é a forma mais elevada de coragem democrática.