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| Link da Notícia de 2023 |
A extrema-direita empunha os seus cartazes polémicos como estandartes de uma estratégia há muito conhecida: a divisão social. Esta não é uma mera divergência de ideias; é o alicerce da segregação, um mal social que ecoa os regimes fascistas mais sombrios. A sua ambição é governar num isolamento elitista, sonhando com cidades e bairros exclusivos, reservados aos "seus", os fascistas brancos e ricos.
Isto já foi uma realidade trágica e, se esta força obtiver poder no nosso país, será o nosso futuro. É esta a sua vontade? Aceitar um destino de exclusão?
Ponderemos, com a acuidade da razão lógica, a essência da justiça cívica. O que distingue uma comunidade virtuosa de um mero aglomerado de indivíduos? Não é, porventura, a busca por uma harmonia universal e um equilíbrio onde o interesse coletivo e a dignidade de cada cidadão, independentemente da classe, rendimento ou origem, são a prioridade absoluta? A segregação, ao fragmentar a sociedade com base em critérios arbitrários como a etnia e a riqueza, é a negação radical desta ordem fundamental.
Estamos a falar da separação calculada de grupos, resultando numa obscena desigualdade no acesso a recursos, oportunidades e aos próprios espaços sociais. Relembre-se o Apartheid, esse regime de segregação racial institucionalizada, que elevou uma minoria branca privilegiada à custa da mais vil discriminação contra a maioria negra em cada domínio da vida.
Queremos regressar a esta época abjeta? A um tempo de áreas urbanas reservadas para as elites económicas, com acesso restrito, segurança privada e serviços de alto padrão, enquanto a maioria é relegada para a marginalidade e os "bairros de lata", sem água, sem luz, sem direitos, sem apoio, sem nada? É este o futuro que aceita para si?
A virtude cívica exige que enfrentemos esta ameaça com equanimidade e firmeza racional. O poder está na nossa perceção e na nossa ação. Devemos desmascarar a falácia de que a prosperidade é um dom inato, exclusivo e facilmente alcançável.
Pensam, porventura, que todos os Portugueses que, por necessidade, abandonaram o país em busca de uma vida digna o fizeram como ricos, chegando ao estrangeiro com dinheiro para comprar casas e negócios? Achar que "abanaram a árvore do dinheiro" lá fora é de uma ignorância atroz ou de uma desonestidade intelectual profunda. A realidade é que enfrentaram, e enfrentam, o trabalho árduo, a precariedade e, muitas vezes, a hostilidade, para sobreviverem.
A democracia é a forma ideal que deve pautar a justiça distributiva. O avanço da extrema-direita é um ataque direto a este princípio. A sua agenda visa a destruição do laço social e o restabelecimento de privilégios oligárquicos sob um verniz de populismo oco. Recusar a segregação não é apenas um ato político; é um imperativo moral e uma busca pela verdade imutável de que todos os cidadãos merecem dignidade e igualdade perante a lei e a sociedade.
