A Comunhão segundo o partido
D epois das missas exclusivas, chegámos à fase seguinte da liturgia regional: a reunião técnica com fé partidária. Desta vez, não é preciso ajoelhar. Basta alinhar. A publicação da Proteção Civil Regional apresenta o novo Conselho Científico e Pedagógico como se fosse um conclave de saber e neutralidade técnica.
Mas basta ler a lista de nomes com um olho minimamente atento para perceber que o critério não foi científico, nem pedagógico.
- Foi genealógico.
- E partidário.
- Tudo malta escolhida a dedo.
- Tudo do mesmo lado do altar.
- Tudo com o mesmo missal político.
É curioso como, num setor que vive da palavra neutralidade, a escolha dos intervenientes seja tão… previsível. Nem foi preciso consultar o programa eleitoral, bastou consultar o histórico.
- Fala-se de ciência, mas pratica-se confiança política.
- Fala-se de pedagogia, mas aplica-se fidelidade.
- Fala-se de estratégia, mas joga-se em campo inclinado.
Tal como nas missas exclusivas, ninguém diz que não possam existir cerimónias reservadas. O problema é fingir que são universais. Que representam todos. Que falam em nome de um setor inteiro. Não falam. Falam em nome de quem os escolheu.
E assim seguimos: com conselhos “consultivos” que nunca discordam, com pareceres que nunca surpreendem, e com decisões que já estavam tomadas antes da reunião começar. No fim, publica-se no Facebook. Para dar ar de transparência.
Como se a fé não fosse óbvia.
Amém.
