Missas exclusivas II


A Comunhão segundo o partido

D epois das missas exclusivas, chegámos à fase seguinte da liturgia regional: a reunião técnica com fé partidária. Desta vez, não é preciso ajoelhar. Basta alinhar. A publicação da Proteção Civil Regional apresenta o novo Conselho Científico e Pedagógico como se fosse um conclave de saber e neutralidade técnica.

Mas basta ler a lista de nomes com um olho minimamente atento para perceber que o critério não foi científico, nem pedagógico.

  • Foi genealógico.
  • E partidário.
  • Tudo malta escolhida a dedo.
  • Tudo do mesmo lado do altar.
  • Tudo com o mesmo missal político.
Não há pluralismo, não há contraditório, não há diversidade de pensamento. Há apenas a velha lógica madeirense: muda-se o nome do órgão, mantém-se a cor. Troca-se a farda pelo blazer técnico e chama-se “inovação metodológica”.

É curioso como, num setor que vive da palavra neutralidade, a escolha dos intervenientes seja tão… previsível. Nem foi preciso consultar o programa eleitoral, bastou consultar o histórico.

  • Fala-se de ciência, mas pratica-se confiança política.
  • Fala-se de pedagogia, mas aplica-se fidelidade.
  • Fala-se de estratégia, mas joga-se em campo inclinado.

Tal como nas missas exclusivas, ninguém diz que não possam existir cerimónias reservadas. O problema é fingir que são universais. Que representam todos. Que falam em nome de um setor inteiro. Não falam. Falam em nome de quem os escolheu.

E assim seguimos: com conselhos “consultivos” que nunca discordam, com pareceres que nunca surpreendem, e com decisões que já estavam tomadas antes da reunião começar. No fim, publica-se no Facebook. Para dar ar de transparência.

Como se a fé não fosse óbvia.

Amém.