Reflexões sobre a verdadeira crise de segurança nacional
Caro Ex-Presidente Trump.
E sta correspondência, elaborada sob a lente de uma nova e necessária Estratégia de Segurança Nacional (ESN), não visa analisar ameaças externas, mas sim confrontar a ameaça mais perigosa e insidiosa de todas: a fragilidade interna do próprio tecido social americano!
A verdadeira ESN deve reconhecer que a nossa força projetada externamente é ilusória se a nação estiver a enfrentar um "apagamento civilizacional interno", um declínio alimentado por falhas estruturais que minam o futuro da América mais eficazmente do que qualquer adversário estrangeiro!
O eixo da vulnerabilidade doméstica.
Comecemos pela crise da Saúde Pública e o Capital Humano. A ausência de um acesso público universal e robusto à saúde não é apenas uma injustiça social, é um buraco negro na produtividade e segurança. Milhões de americanos vivem à beira da ruína financeira devido a doenças, minando a estabilidade da classe média e saturando os sistemas de emergência. Paralelamente, a epidemia de obesidade e as doenças crónicas associadas representam uma crise de prontidão física e um dreno insustentável nos recursos do país. Um exército doente não é um exército forte, assim está a sociedade americana que ainda expulsa sangue fresco e trabalhador.
A pandemia da violência armada? A proliferação "desregulada" de armas nas mãos dos cidadãos, juntamente com a recusa em implementar medidas de segurança pública sensatas, transformou escolas, igrejas e supermercados em zonas de combate. Esta violência constante destrói a confiança cívica e distrai recursos colossais que poderiam ser aplicados na inovação e infraestrutura. Um país onde os pais temem enviar os filhos para a escola não é um farol de liberdade, mas sim um prisioneiro do medo. Com as clivagens políticas que alimentam estão à espera do quê?
E a ameaça da desinformação e do negacionismo? Não é um problema interno? O negacionismo das vacinas, as campanhas de desinformação sobre ciência e o ataque às instituições académicas e de media são armas de destruição interna que corroem a nossa capacidade de tomar decisões racionais e unidas. Uma população que rejeita factos verificáveis não pode ser governada ou protegida de forma eficaz, tornando-se vulnerável a manipulações internas e externas.
E o próprio Trump não é uma bomba? A erosão da democracia e a inconstância governamental! O caminhar perigoso para um autoritarismo e o ataque constante aos pilares da democracia, a imprensa livre, o sistema judicial, a integridade eleitoral, as universidades, apresenta o risco mais significativo de todos. Um Governo visto como errante, hesitante, inconstante e mergulhado em conflitos de interesses perde a legitimidade perante o seu próprio povo e a confiança no palco global. Esta "democracia sui generis", que ataca as suas próprias fundações e o conceito de transição pacífica de poder, projeta uma imagem de instabilidade que afasta aliados.
E por causa destes ataques a todos, chegamos ao isolacionismo e o imperialismo repelente. A estratégia de "América Primeiro", quando traduzida em unilateralismo agressivo e um ataque à mão de obra estrangeira, tem alienado aliados históricos e impulsionado países neutros para a esfera de influência dos adversários dos EUA. Nem com ameaças vão lá. O imperialismo arrogante, desacompanhado de diplomacia estável, cria um vazio de liderança que é rapidamente preenchido por potências rivais. A verdadeira segurança está em ter amigos, não em ter apenas clientes!
Estávamos avisados, mas a perda da simpatia global está instalada. Animosidade contra Marcas. A popularidade e a aceitação global das marcas americanas, outrora símbolos de poder suave (soft power) e qualidade, estão em declínio, refletindo a animosidade crescente contra a erraticidade da liderança política de Washington. O caso Tesla (exemplo de animosidade), que enfrenta crescentes boicotes, críticas e intervenções regulatórias adversas em mercados-chave (particularmente na China e na Europa) que interpretam as empresas americanas como extensões da política externa americana, muitas vezes devido à associação pública dos seus líderes com agendas políticas controversas. O influecer político na democracia dos outros é um: Elon Musk.
A deterioração do soft power não se limita aos carros; estende-se a software, plataformas de media social e produtos de consumo. A percepção de que a América é um parceiro comercial ou político menos confiável traduz-se em barreiras comerciais e perda de quotas de mercado.
Mas, e a América do pé de meia fruto do excesso de especulação? A saúde da economia americana está minada por uma financeirização excessiva e uma cultura de ganho rápido, o que aumenta a instabilidade. O mercado financeiro é dominado por excesso de especuladores e investimentos de alto risco, muitas vezes dissociados da produção económica real ou da inovação. Isto cria "bolhas" de ativos inflacionados que não refletem o valor subjacente da economia (por exemplo, na tecnologia ou no imobiliário). Quantos veem Trump como a ruina das suas poupanças pelas asneiras na economia?
A especulação enriquece rapidamente uma pequena elite, enquanto a maioria dos americanos enfrenta estagnação salarial e o custo de vida aumenta. Esta desigualdade económica extrema é uma ameaça direta à coesão social e à estabilidade política.
A força da América nunca foi medida apenas pelos seus porta-aviões ou ogivas, mas sim pela saúde dos seus cidadãos, pela estabilidade das suas instituições e pela simpatia que inspira no mundo. A Estratégia de Segurança Nacional deve, portanto, começar por casa, com a cura da divisão, a garantia da segurança física e económica dos seus cidadãos, e a reafirmação dos ideais democráticos. Enquanto estes problemas internos persistirem, os Estados Unidos continuarão a estar condenados à fraqueza e ao declínio civilizacional pela sua própria autodestruição. Não é por acaso que acordaram para deitar mãos às riquezas
E para acabar em grande, o superavit comercial anual da China ultrapassou US$ 1 trilhão (equivalente a mil milhões de milhões de dólares), pela primeira vez , com as exportações totais subindo 5,4% em relação ao ano anterior, apesar das tarifas impostas por Trump. O novo recorde ocorre mesmo com a queda de 28,6% nas remessas para os EUA em comparação com o ano anterior, o oitavo declínio mensal consecutivo.
Parabéns Trump por distrair os americanos do desastre da América com os Europeus! E estaremos com a Ucrânia até ao fim, é a nossa primeira linha da guerra do teu amigo.
E Donald Trump já ameaça a Europa, estará senil?
