Uma boa festa é com decibéis no máximo e foguetes no fim


À hora que escrevo isto, acontecem no centro do Funchal duas festas diferentes, com semelhanças entre si: o ritmo e o exagero do volume. O Funchal tornou-se há algum tempo num lugar onde é impossível dormir ao fim de semana. São festivais, concertos, festas universitárias, discotecas em espaços abertos, com a particularidade de todas as semanas se baterem novos recordes de ruído. Não interessa o tipo de música, até porque são todos o mesmo: DJ’s, batidas para dançar, pimba. Porque o que interessa é a malta nova dançar e não pensar no futuro que não terão. Quanto mais beberem, menos se lamentam.

Mas eis que à meia-noite ainda não se dorme nas zonas altas. O Funchal é todo um auditório. Viver em qualquer área destes vales é ter estes festivais em plena sala de estar. Os vidros duplos pouco fazem perante o exagero, até porque é Verão e o clima tropical convida à abertura da janela. E fico a pensar: a Madeira vive do turismo e este não para no fim de semana. Os já de si precários trabalhadores do turismo que precisam de acordar cedo num sábado ou domingo de manhã, o que acharão destas festas quase (chega ao quase?) semanais? E os hotéis da Av. do Infante, quantas queixas receberão de quem lhes paga centenas de euros por noite por um quarto para não conseguirem aproveitar as suas férias?

Sou do tempo em que a PSP entrava a lavar nas festas que se faziam no centro do Funchal. O famigerado Balão bem tentou promover alguns eventos, mas a música não durava mais do que meia hora, e era fugir para o lado que desse mais jeito para não comer com o cacete na testa. E o ruído desses não chegava sequer a incomodar os bares que ficavam na mesma avenida, como o também esquecido Dó-Fá-Sol. Hoje os bares proliferam pela Zona Velha até às tantas da manhã, não deixando os moradores dormir, a tal situação crónica que nem polícias nem políticos parecem muito interessados em resolver. E a ideia em permitir estes sistemas de som no máximo, no parque de Santa Catarina ou na universidade, parece ser estourar os tímpanos de quem lá está e não deixar mais ninguém na cidade descansar.

Não me percebam mal. Façam-se as festas que quiserem. Mas respeitem os horários de descanso previstos na lei e a opção de as pessoas não quererem participar nesses eventos, com uma adequação do volume aos espaços que estão a utilizar para o efeito. Certamente que até os ouvidos dos presentes agradecerão.

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 2 de Outubro de 2022
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