Altas Problemáticas: o Penedo do Sono na Saúde Regional



O ra então temos dez vezes mais no SRS/RAM 62,2 por mil habitantes, contra 6,7 no SNS, o tal que dizem ser o pior. Então confrontado Albuquerque, diz, que “é um problema que temos de enfrentar”, diria que há demasiado tempo, e não sabem como resolver, ao que parece, mas também a sua justificação para a génese das altas problemáticas é, no mínimo, caricata: “as pessoas vivem mais anos”, até é certo, mas não têm de acabar a sua vida num hospital, e de terem “cuidados médicos”, tal não é causa de altas problemáticas, no entanto, até por terem cuidados médicos com demasiado investimento em tratamentos, muitos já no capitulo da distanásia, precisamente, porque alguns desses profissionais julgam-se Deuses na terra, e gastam no público aquilo que nunca gastam no privado, porque lá impera o bom senso, e é o cliente que paga a conta.

Mas tem razão, uma alta problemática custa quase 400€/dia num hospital, mas também uma alta que fica para um dia ou três depois, porque o profissional que a dá se marimba em cumprir horários e o seu dever também custa, também é desperdício de dinheiro e recursos.

Quer vender o HNM? Não o faça, além de desbaratar dinheiro dos contribuintes, o HNM é a solução para o Hospital de retaguarda que a RAM precisa, precisamente para promover altas precoces no novo hospital e duplicar as intervenções cirúrgicas de todas as especialidades. Uma unidade que pode ser muito útil na descentralização e continuidade de cuidados. O seu problema é que de saúde nada percebe e quem nomeou também não, népia.

Até 2026 teremos mais, além das atuais, são 679 camas para altas problemáticas, um filme de terror. Esta solução focada na institucionalização e no acamado é ridícula e trágica, um pouco como ser chamado de vadio por aqueles que com o subsídio ganham votos. Altas problemáticas são uma caixa registadora ...

Este tema é já, de tanto ser noticiado, vergonhoso e uma pesada derrota para o SRS/RAM, somos ineficientes, incompetentes e incapazes de resolver esta questão do âmbito social e da saúde. Certo que afeta fortemente a população sénior, mas também outros cujas dependências os tornam “sem-abrigo”, despojados de todos os direitos, colocados na condição de abandonados, ostracizados, estigmatizados, isolados e condenados ao purgatório em vida. As Altas Problemáticas não significa só abandono dos familiares mas a tal pobreza galopante.

O SRS/ RAM, de forma ignóbil e desumana, vestindo ao lobo da saúde a pele de cordeiro abençoado, focou-se na institucionalização forçada dos abandonados, focou-se apenas no filão de ouro do negocio da saúde e dos lares, nunca se focou num processo ou num sistema, onde as várias equações apontassem para varias soluções.

Desde 1999 que todos falam nas altas problemáticas e, na importância crucial de se criarem condições que permitam o retorno destas pessoas, seres humanos com sentimentos e emoções, aos seus domicílios, mas pela inversa, este GR de forma "vampiresca" e associada aos seus parceiros, focaram-se apenas no negócio que as altas problemáticas lhes poderiam propiciar e propiciam. O que seria das Dillectus, os Atalyas e todas as outras que agora se associaram para colaborar na resolução desta "praga" (o negócio), se não existissem tantas altas problemáticas, tantos abandonados, tantas famílias que hoje à mínima, "treinadas" durante décadas pelo sistema, toleram o abandono nos hospitais públicos, não se chateiam e até propiciam por mecanismos de distanásia pura? É este filme de terror que agora se estende ao Lar da Bela Vista, acontece pela incompetência de um Governo Regional que, neste particular, foi derrotado.

Na politica, assistimos a jogadas de transferências de tutelas, tudo em nome do tacho politico, e da gestão do eventual negócio que são os lares e os seniores abandonados na mão do sistema, que um dia deu origem ao Atalaya, que mesmo que hoje (28-2-2023) ganha um concurso que há uns anos atrás abandonou, para entregar tudo de volta na mão do sector público, deixando muitos no desemprego. É assim que são as políticas da longevidade na RAM, um negócio.

Alguns em 2014, em Santa Rita, viviam momentos difíceis sem clientes, quem os safou da insolvência foram as altas problemáticas, um sistema de gestão nas políticas de longevidade ao estilo de Nosferatu. As altas problemáticas, são uma “Symphony of Horror”.

Para quê avaliar a condição de saúde de um sénior, decidir e quase tomar uma decisão por ele, de o “tratar”, mas criando-lhe dependências, que fazem do resto da sua vida um inferno? Muitas das decisões terapêuticas, tomadas por doutorados, produzem estropiados, dependentes e consequentemente altas problemáticas, muitas vezes ouvem dos familiares “entrou a andar e sai de maca”, mas agora fica numa cama hospitalar em alta problemática, alguns unidos ainda em casamento até que a morte não os separe no hospital.

Um hospital não é uma fábrica de reciclagem, ninguém entra velho e sai novo, não é como as viaturas clássicas, não podemos ser restaurados e voltar à estrada.

A solução das altas problemáticas passa pela refundação radical do SRS/RAM, a implementação do SESARAM DOMICILIOS, passa por um trabalho em rede com o poder local e com todos os atores públicos, privados e IPSSs da região, passa pela alteração da lei, passa por criminalizar o abandono, desde que o governo disponibilize meios suficientes para tratar e cuidar das pessoas no seu habitat natural. Passa por uma estratégia e um planeamento que considere os cuidadores, a família e se tenham condições para, em determinados períodos, propiciar o alivio emocional e físico de quem cuida 24 sobre 24 horas, só por e para isso, o velhinho CHF, agora HNM, é uma peça nuclear em todo este processo. Por isso não se deve vender!

A alienação, venda e até implosão da atual estrutura, será um crime hediondo, uma decisão economicista saloia, precisamos de um hospital de apoio e não de mais uma unidade hoteleira.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2023
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