Laurissilva: um contributo ambiental de um leigo caminhante.


Sem Laurissilva esta atenção não existia.

Boa tarde.

P ercebe-se que há gente graúda e com conhecimentos que escreve no CM, todo tipo de pessoas, a minha conversa começa assim porque não sou doutorado no que vou dizer, no entanto, quero que me escutem, é um saber feito de experiência e disso não ensinam nas universidades em cursos de 3 anos.

Hoje está um belo dia para fazer a abordagem, está quente, o ar é quente (o chamado leste), há vento, e segundo um aparelho que tenho à minha frente, chegamos aos malditos 30-30-30, temperatura, humidade relativa, vento. Com um fósforo acende-se o "Canadá do Atlântico", talvez com um nadinha de resistência pelas chuvas de há dias. O Canadá saiu das notícias mas continua a arder, vão dando notícias de que o fumo chegou ao Báltico, que derivou para os Açores, um belo exemplo de como respiramos o ar de todos. O planeta é um só, sem donos, e a natureza comanda.

A nossa Laurissilva advém das condições que o acaso da evolução do planeta nos deu nesta ilha e que alguns, como a UNESCO, souberam valorizar. Faço caminhadas, muitas porque é saúde, mas não ando só, contemplo e penso, é essa experiência que vos venho disponibilizar. Não sei se estou certo, é o que penso. Não sei se acerto na caraterização, mas é o que vejo.

A Laurissilva vive de densidade e humidade, a densidade estanca toda a humidade que entra e o relevo dá-lhe protecção. Penso que é por isso que está "confinada" e porque o homem não abusou. A Laurissilva é resistente se a deixarem em paz nas suas condições, ou seja, se vier tempo quente por uns tempos ela aguenta com as suas reservas de humidade, a densidade é importante. É por isso que sou contra estradas que abram correntes de ar no seu interior, a Laurissilva não precisa de arejar, odeia ser arejada.

Querem ver como isto bate certo? Se você faz caminhadas como eu, sabe que a Laurissilva é formada largamente por árvores e arbustos de folhas perenes, ou seja, se chove, orvalha ou serena, a água escorre pelas folhas e troncos, vai até à terra e as suas folhas mantém uma camada que não permite o sol secar as condições do solo que lhe são propícias e a ambiência por baixo das folhas. A humidade na Laurissilva, parece aquelas buchas que aplicamos na parede, entrar ... entra, mas sair só rebentando. Que maravilha contemplar isto. A Laurissilva é um sugadouro de água que não permite evaporar, muito mais eficaz que uma barragem.

Chegar a este ponto de acordo com, por exemplo, o Miguel Albuquerque era importante depois de se tratar da ganância das obras. Com todo o respeito. Precisamos de respeitar para ser respeitados. A Laurissilva também, se a destratarmos ela vai se "vingar".

Se a densidade é importante então é crucial a conservação do habitat, proteger a área física onde a floresta Laurissilva está localizada. Proteger de todos, para ir só a pé e mesmo assim corta-me a alma começar a ver lixo dentro da Laurissilva. É preciso pedagogia para aqueles que nos visitam, mas entre os nossos também. Temos áreas protegidas, contudo precisamos de aplicar e respeitar as leis ambientais, as escritas e as da natureza. Não precisamos de situações tipo PDM em pausa como no Funchal, o Albuquerque está a fazer igual com outras nomenclaturas na Laurissilva.

Há dias vieram falar da Amazónia no Funchal, foi tão descarado numa terra com um governo nada ambiental que, por ironia do destino, uma zona chamada de Amazónia dentro do Funchal abateu as árvores. Hoje deve estar especialmente aprazível para o bando de idiotas que se acharam com poder para contornar o bom senso. Numa imensidão completamente diferente, se não controlarem desmatamentos (estradas são isso) a preservação da floresta Laurissilva está em causa. Não à conversão da floresta em áreas agrícolas ou urbanas, muito menos precedentes graves de casas de "privilegiados da natureza" dentro da floresta, porque aguça o apetite de quem tudo paga com o governo ajoelhado. Vigiar as áreas limítrofes é importante, Faço caminhadas há uns 25 anos e sei o antes e depois, está a encolher pela calada, pelos vizinhos da Laurissilva. eles consomem a Laurissilva ...

A reposição de azares, loucuras ou destino da natureza deve ser uma realidade, o humano deve auxiliar a ampliar as condições ideais. A Carqueja e a Giesta estão descontroladas, temos uma "miss" que se exibe na floresta mas que nos trouxe maus tempos. Não sabe reflorestar e regar, não sabe fazer corta-fogo, não sabe dizer que não a atentados da sua tribo e ainda forja estudos de impacto ambiental. E, preservar áreas, contempla não atentar contra a fauna! Come semente, dejecta semente noutro local, serviços à borla. Eles também são parte do equilíbrio. É preciso mais agressividade no replantio de espécies nativas, remoção das espécies invasoras e ações para recuperar a diversidade biológica original. A senhora secretária satisfaz-se com anúncios de serviços pagos e não com o seu sucesso. Faço-me entender? A secretária planta plástico na serra porque as espécies morrem à sede. E nunca recolhe. Isto dá maçada!

Nesta altura de Alterações Climáticas precisamos de monitorizar e fazer pesquisa na Laurissilva. Do PRR nada se ouviu. Hoje, dia quente, poderia dar excelentes elementos sobre como se comporta a floresta e, se o calor, vento (seca) e humidade relativa se prolongarem fora dos parâmetros da Laurissilva, quais são os primeiros sintomas? Eu acho que o excesso de Carqueja e Giesta são um exemplo, o novo tempo favorece. A pesquisa científica também desempenha um papel fundamental na compreensão dos ecossistemas da floresta para o desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação. Acabem com os gurus interesseiros que nunca vão contra os erros dos governantes, aliás, são seus empregados e facturam. O cliente tem sempre razão ...

Eu disse que via cada vez mais lixo dentro da Laurissilva, é preciso fazer entender que a Laurissilva é como a imagem da "morte com a ceifeira", não brinques com ela se estás vivo. É preciso educação ambiental e participação ativa das comunidades locais na conservação da floresta Laurissilva, é essencial. Não precisamos da instrumentalização da ignorância para fins políticos e de projetos na penumbra que aguardam a oportunidade. Instrumentalizar a ignorância e acicatar a ganância deveria ser crime neste caso da Laurissilva.

A proteção da biodiversidade é importante porque é desse jogo e equilíbrio que se fez a Laurissilva e para que tenhamos a melhor mancha florestal do mundo. Isto é responsabilidade! As invasoras estão a ganhar e, chegando à beira da Laurissilva, vão trazer perdas. Estamos a perder a guerra, basta ver o que denuncia a serra na Primavera. E não sejamos estúpidos de fazer das bermas com hortências a fatalidade. A berma é o jardim das estradas, confinadas. Vamos abandonar a hipocrisia de abater hortências e permitir o descontrolo de Carqueja e Giesta.

Há espécies chave na Laurissilva mas também existe perceber o que as alterações climáticas fazem.

Obrigado se me leu, passe a mensagem.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 27 de Junho de 2023
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