T ambém vou entrar na onda do «histerismo» e na onda «alarmista» por causa das muchachas do dr. Jesus na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), que dançaram umas coisas vestidas com o traje das viloas do folclore madeirense, cuja saia não chega ao tornozelo como o traje da cultura etnográfica madeirense, ficam um pouco a baixo da coxa, permitindo ver-se uma belo par de pernas ao léu contorcidas ao som da música. Moderno e encantador, dr. Jesus.
Neste ambiente meio apagado de campanha eleitoral, onde se tem visto um rol de promessas vindas de todos os quadrantes, que já ninguém acredita e diante da ideia de que «estamos cansados de eleições», o dr. Jesus do turismo resolver apimentar isto com as pernocas ao léu com meninas a dançar uma coisa esquisita como «inovação» (dr. Jesus dixit) do traje, dança e música do folclore madeirense.
Eu estou profundamente agradecido ao dr. Jesus do turismo, porque não sabia que se podia «inovar» em tudo o que diz respeito à etnografia de um povo. O dr. Jesus do turismo faz bem. Aquela coisa de trajes longos a bater no cano da bota das viloas não faz sentido nenhum, precisamos de ver alguma pele de meninas frescas bem depiladas, porque lá se foi o tempo daquelas viloas de perna cabeluda e bigode farfalhado. Até porque eu aprendi ainda em pequeno que «mulher de bigode e vaca de venta preta o diabo é que aguenta».
Até porque o turismo de qualidade de mochila às costas que por hora nos visita, tem que ver coisas modernas, por exemplo, provar poncha moderna feita à base de todas as frutas e com vodcas importadas da Rússia; e apreciar folclore com meninas novas e frescas vestidas de mini saia; e feiras de janeiro a dezembro na Placa Central com barracas de comes e bebes, tipo os mercados caóticos das cidades muçulmanas.
Quem não gosta não estraga e vá viver para o deserto onde só encontra camelos todos iguais e cobras venenosas para verem como é bom levar dentadas com veneno quando se faz tudo para dar azo à criatividade e à inovação.
O dr. Jesus quer deixar marca na promoção do turismo da Madeira, mesmo que tenha que rebentar com trajes tradicionais e folclore agachado com o rosto a rastejar no chão diante dos seus providenciais senhorios. Lá se foi esse tempo e eu acho muito bem. Agradecido dr. Jesus.
Só tenho um dado pequenino negativo a apontar ao dr. Jesus, não nos faça de tolos, como estão a fazer os «cansados de eleições», que foram buscar ao fundo da sanita esta revelação, e vai daí investiram-se porta vozes do povo para falarem dos seus estados de alma.
Fica determinado pelo douto dr. Jesus que o folclore pode ser feito de qualquer jeito, porque «não houve qualquer falta de respeito pela cultura madeirense, mas sim uma demonstração criativa que enalteceu a identidade regional de forma inovadora». Estão a ver como são as coisas. Votem nos mesmos, comam e calem, porque é de borla.
Perante esta lógica sugiro ao dr. Jesus que ponha os Grupos de folclore a se modernizarem também, cantem e dancem ao modo do folclore madeirense a «Grândola Vila Morena»; «As Bodas de Fígaro»; «La Traviata»; as Valsas vienenses de Strauss; «O Hino de Portugal e da Madeira» … Entre tantas outras coisas que por aí andam, sedentas de inovação e criatividade ao jeito do dr. Jesus.
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Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 16 de março de 2025
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