A Madeira é “vendida” como se fosse um paraíso social de grande sucesso, mas há um cidadão invisível, que não cabe nos posts das redes sociais presidenciais.
E le não tem empresa, não ganhou medalhas, nunca foi entrevistado na televisão. Acorda cedo para um trabalho que não o apaixona, mas que lhe permite mal e apenas de pagar o essencial. Às vezes, nem isso. No fim do mês, faz contas à vida: luz, renda, comida, transporte… e o que sobra é quase nada. Ou vive com os pais porque não pode pagar uma casa, ou divide um pequeno apartamento com amigos, apertando-se para caber numa cidade que encarece a cada dia.
Se estuda, trabalha ao mesmo tempo, a vida não espera. Se tem família para cuidar, abdica dos sonhos e das ambições para ser o apoio que o Estado não é. Se adoece, reza para que não seja nada grave, porque estar doente é um luxo que não pode pagar.
Não há palmas para ele, nem homenagens, nem fotografias sorridentes ao lado de políticos. Nos bastidores desta Madeira idealizada, ele, e tantos outros, seguram a ilha sobre os ombros, enquanto são sempre os mesmos a colher os louros.
A festa acabou. Que o pano caia e que a realidade finalmente se veja. Um equilíbrio frágil para quem nunca escolheu estar na boca de cena, nem nos bastidores. Apenas foi lançado para o palco sem ensaio, sem guião e sem promessas de aplauso no final. Enquanto alguns brilham sob os refletores, outros caminham na corda bamba da sobrevivência, tentando equilibrar contas, sonhos e responsabilidades que nunca pediram.
Na fotografia da Madeira vitoriosa, há sempre quem fique de fora. Os que lutam sem reconhecimento, os que seguram o cenário sem nunca o pisar o palco. Sem eles, a peça não se sustenta.
Príncipe, tenha a humildade de assumir: aqueles que chegaram ao sucesso devem tanto ou mais aos apoios financiados por dinheiros europeus e ao acesso privilegiado às redes de influência do que ao seu próprio talento.
Um talento que, aliás, nada tem a ver com a sua presidência.
Mas os que ficaram para trás, os que não tiveram acesso às mesmas oportunidades, esses sim, são da sua responsabilidade. Porque não soube criar as condições para que fosse universal a oferta de boas oportunidades e que pudessem ter o verdadeiro direito a um futuro realizado e digno.
Criaram-se dependências muitas vezes para quem ainda podia “se desenrascar” e faz-se pressão nas famílias para cuidar das pessoas dependentes. É que muitas vezes essas famílias não tem condições para cuidar do seus próprios familiares.
Criaram-se casas do povo, associações isentas de controlo de contabilidade livres de utilizar dinheiros públicos sem qualquer justificação. Fazem-se lucros em instituições declaradas não lucrativas.
Tenha a humildade e aceite que não somos todos acanhados, ignorantes e ingénuos.
Sociedade triste a nossa… sociedade que o PSD construiu peça por peça…
A ambição de um grupo político foi mais forte do que o bem estar coletivo.
Não há festa que dure uma vida inteira, a vida não é uma festa mas sim facturas para pagar, direitos que se perdem, liberdade limitada, mentes condicionadas.
A sorte dos madeirenses é que a Madeira faz parte de Portugal e da Europa. E que isso, minimamente, significa investimento e com isso obras para poder justificar subvenções europeias.
Senão nem isso teríamos.
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 13 de março de 2025
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