S e há coisa que não falta no Funchal, é gente com uma visão seletiva da realidade. O artigo "Os Meninos do Teatro e a Ilusão da Cidade Vibrante", publicado no Madeira Opina, é um belo exemplo disso.
Entre o sarcasmo mal disfarçado e uma indignação que cheira a mofo, o autor tenta pintar um quadro onde os eventos culturais são uma espécie de seita infernal que destrói o "descanso merecido" dos cidadãos. Curioso… porque ninguém parece ter problemas com turistas de sandálias e meias a arrastar malas às cinco da manhã ou com estabelecimentos de luxo que fazem barulho bem para lá do aceitável. Mas quando é cultura – e pior, quando são artistas locais – aí sim, ergue-se a cruz e a estaca.
A Ilusão de Quem?
O autor fala de uma "ilusão" ao tentar desacreditar aqueles que impulsionam a cultura e a vida noturna, mas a verdadeira ilusão aqui é achar que o Funchal pode ser uma cidade moderna e economicamente sustentável sem uma oferta cultural digna. Uma cidade que se fecha ao entretenimento e à arte é uma cidade condenada ao marasmo e à fuga de talento.
A narrativa de que "ninguém quer viver numa cidade sem regras" é engraçada quando sabemos que os próprios empresários hoteleiros e os interesses turísticos da Madeira exploram ao máximo a cidade, a música e a cultura... mas só quando lhes convém. Para atrair turistas, enchem-se os hotéis de música ao vivo e animação – mas quando se trata de apoiar verdadeiros espaços culturais, a conversa muda.
O Teatro da Hipocrisia
O autor tenta vender a ideia de que são apenas "meninos do teatro" e "artistas protegidos" que defendem a cultura, como se isto fosse uma luta de classes. Mas aqui vai um reality check: há muito mais gente farta desta mentalidade retrógrada. Os músicos, os promotores culturais, os empresários que não se rendem à monotonia e até os próprios cidadãos que querem uma cidade com vida sabem bem que este discurso derrotista não passa de uma tentativa de manter tudo como está – isto é, controlado por quem já tem poder.
Se a cultura incomoda tanto, talvez o problema não seja a música, o teatro ou os espetáculos, mas sim a incapacidade de alguns em aceitar que uma cidade não pertence a uma só visão do que deve ser "tranquilidade".
Conclusão: Cresçam e Apareçam
A velha máxima mantém-se: quem quer silêncio absoluto, que vá viver para o meio do mato. Cidades existem para serem vivas, para terem cor, som e movimento. E aqueles que se incomodam com isso podem continuar a escrever textos indignados atrás do ecrã – porque cá fora, a cidade segue em frente, apesar dos que tentam mantê-la parada no tempo.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 15 de março de 2025
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