Assim se percebe a ineficiência do que já não é líder da oposição.

A h, a política, esse admirável mundo novo onde tudo se transforma, mas algumas coisas nunca mudam! Que o diga Sérgio Gonçalves, um verdadeiro camaleão da vida pública que, com um timing invejável, decidiu criar a sua empresa de consultoria, a Never Before - Unipessoal Lda, exatamente 29 dias depois de entrar para a Assembleia Legislativa da Madeira (link). Um golpe de visão empresarial tão certeiro que faria corar de inveja qualquer empreendedor de sucesso. Afinal, quem é que precisa de estabilidade quando se pode simplesmente criar uma empresa privada para continuar a servir os mesmos interesses de sempre?

Gonçalves jura a pés juntos que a Never Before nunca prestou serviços ao Grupo Sousa. Coincidentemente, as únicas empresas conhecidas que aparecem ligadas à sua faturação são, claro, participadas do Grupo Sousa. Mas não sejamos precipitados! Deve ter sido um mero acaso do destino. Afinal, o ex-administrador da Porto Santo Line, braço marítimo do império de Luís Miguel Sousa, não teria razão alguma para manter laços profissionais com o patrão que tão generosamente o sustentou durante nove anos. Só um espírito malévolo ousaria sugerir que a Never Before poderia ser um elegante esquema para que o seu salário do Grupo Sousa continuasse a pingar, agora de forma mais... discreta.

A relação entre Gonçalves e Luís Miguel Sousa não se esgota na nostalgia laboral. Afinal, o agora eurodeputado só se interessa por dossiês que, por coincidência extraordinária, beneficiam diretamente os negócios do seu antigo patrão. Transporte marítimo? Check. Utilização de gás natural como combustível verde? Check. Subsídios europeus para ferries, portos e tudo o que flutue e dê lucro? Double check! Uma dedicação monocromática que, longe de levantar suspeitas, deve ser interpretada como uma paixão genuína pelo bem-estar do setor... ou, vá, pelo bem-estar de alguém que todos sabemos quem é.

Mas Sérgio Gonçalves não se limita a ser um empreendedor inovador e um eurodeputado estrategicamente seletivo nos temas que lhe interessam. Ele também domina a arte de nomear assessores. Nada como um ambiente familiar para garantir um bom funcionamento da máquina partidária, e quem melhor do que Marlene Andrade, esposa de Paulo Cafôfo, o líder do PS-Madeira, para ocupar um cargo de assessora no Parlamento Europeu? O mérito, evidentemente, é a principal moeda de troca no partido.

Olhando para esta tapeçaria bem urdida de coincidências, fica claro que Sérgio Gonçalves não abandonou o Grupo Sousa – ele apenas encontrou uma forma engenhosa de continuar ao serviço sem estar oficialmente na folha de pagamentos. E enquanto o PSD o acusa de prestar falsas declarações e pede que atualize a sua Declaração de Interesses, o eurodeputado responde com a confiança de quem sabe que tudo se resolve com um véu de confidencialidade e um discurso sobre transparência. Afinal, nunca antes na história da política madeirense se viu algo assim. Ou, como diria o próprio nome da sua empresa, "Never Before"!

Publicação associada: A estranha empresa de Sérgio Gonçalves (link)

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