A barragem do Pico da Urze sempre esteve envolta em polémica e suspeições. Alguns dizem que, alegadamente, o enrocamento feito na parte jusante não suporta o peso da água e registam-se movimentos nos censores, por isso é que a lagoa anda sempre meia vazia, mesmo no Inverno, mas desde logo desmentida com fotos de quem do lado do Governo quer cortar esse pensamento, sobretudo em campanhas eleitorais, nos jornais, e por obra de assessores e jornalistas "de campanha".
Uma boa mentira deve ser preservada para todo o sempre, por isso é que basta aguardar para algum escorregar. A barragem do Pico da Urze deveria ser a obra que daria o avanço significativo na produção de energia limpa na Madeira, mas isso não acontece nos números pomposos que a propaganda colocou hoje no DN Madeira. O seu verdadeiro sentido foi... uma obra de milhões para os amigos do betão.
Preciso, e muito, da vossa leitura paciente, atenta e com interpretação para perceberem como brincam com a semântica para esconder este facto. Cuidado com a produção de energia hídrica (o que aumenta ou não na hídrica) com o seu valor exposto em percentagem no contexto das Renováveis. Pode-se dizer que dentro da produção hídrica tem aumentos significativos, mas comparado com o geral das energias verdes é uma gota no oceano. O que significa que houve maus investimentos, "onerosos de betão", quando outras são muito mais eficazes. Os números não sobem sempre e não são exclusivamente por causa das obras.
Atenção, com este belo texto em mente (link), promessas não cumpridas e mais anúncios. Eu às vezes penso se Albuquerque é enganado pelos suas apostas (pessoas em cargos) ou se ele é mesmo um malabarista.
A produção de energia hídrica na Madeira tem mostrado uma evolução variada ao longo dos anos, com períodos de crescimento e de decréscimo na sua contribuição para o mix energético regional, embora a aposta nas renováveis seja crescente. Atenção que isto é com base em notícias e documentos, ambos manipuláveis como em tudo na Madeira, mas vamos a eles:
2003: A energia hidroelétrica representava aproximadamente 17,26% da produção total de eletricidade na Madeira, com 130,16 GWh de um total de 754,28 GWh. (link)
2018: Houve um aumento significativo na produção de energia hídrica (+24,8%) e eólica (+20,8%), contribuindo para que a quota de energia renovável atingisse 30,8%, o valor mais alto desde 2009. (link: Produção de energias hídrica e eólica aumentou em 2018)
2020: A produção de energia renovável registou um aumento de 16% em relação a 2019. (link: Madeira está atrás do país na produção de renováveis, mas o saldo é positivo). Neste ano e neste momento, a Madeira tem 44% de energias renováveis e o país tem 79,3% de média constante... e tem picos de 100%
Janeiro a Setembro de 2023 vs. 2024: A fonte hídrica registou um decréscimo de 11,3%, enquanto a quota de renováveis passou de 29,3% (2023) para 32,9% (2024) no total da energia elétrica emitida.(Link Madeira: produção de energia elétrica sobe 1,9% até final do terceiro trimestre)
Primeiro Semestre de 2025: A produção de energia hídrica "mais do que duplicou". A quota de energias renováveis na produção de eletricidade aumentou para 43,8% (Link: face a 37,7% no mesmo período de 2024). (Link: Produção de energia eléctrica na RAM aumentou 2,4% na primeira metade do ano)
Recentemente, a Central Hidroeléctrica da Serra de Água foi remodelada, aumentando a sua potência instalada de 5,2 MW para 10,8 MW, o que contribui para a descarbonização da produção de energia elétrica na Madeira. (Link: Albuquerque visita amanhã obra da central da Serra de Água)
A Madeira tem como meta atingir 50% de produção de energia renovável em 2025 e ultrapassar os 60% até 2030. (a promessa de 50% vem desde o Albuquerque Presidente do GR e em 2025 só vai em 44%, por este andar, 50% é em 2030). Link: Produção de energia renovável atingiu níveis de 70% na Madeira. Um pico tornado generalidade pela propaganda.
Porque passaram de valores concretos a percentagens, não foi possível confirmar o valor específico para os 19,35% da produção de energia hídrica na Madeira no "Diário de Notícias da Madeira" no dia de hoje.
Mas como são ardilosos vamos provar de outra maneira, vamos à informação exclusiva sobre a energia hidroelétrica:
Evolução da Produção de Energia Hidroelétrica (GWh) na Madeira
- 1991: 82,25 GWh
- 1992: 125,75 GWh
- 1993: 124,90 GWh
- 1994: 126,79 GWh
- 1995: 147,28 GWh
- 1996: 126,04 GWh
- 1997: 111,41 GWh
- 1998: 104,99 GWh
- 1999: 113,84 GWh
- 2000: 91,00 GWh
- 2001: 108,97 GWh
- 2002: 119,34 GWh
- 2003: 130,16 GWh
Fonte para 1991-2003 (link): IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE ENERGIA HÍDRICA NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA - AREAM (Consultar Quadro 2, página 8 do documento PDF) e Plano de Política Energética da Região Autónoma da Madeira (link) - Ano de Referência: 2000 - AREAM (Consultar Figura 16, página 49 do documento PDF, para 1991-2000).
Os dados mais recentes da produção de energia hídrica, como os do primeiro semestre de 2025 que indicam que a produção "mais do que duplicou", contudo não são apresentados em valores GWh específicos para a fonte hídrica nos relatórios públicos pesquisados até ao momento. Se é verdade, então estamos na ordem do pior resultado dos registos da última década do século passado: 1991 com 82,25 GWh. Simplesmente porque batemos no fundo em 2020 e depois dizem que duplicaram ao recuperar.
A remodelação recente da Central Hidroelétrica da Serra de Água, que aumentou a sua potência instalada de 5,2 MW para 10,8 MW (atenção a Megawatt e Gigawatt), indica um investimento contínuo e um potencial de aumento na produção hídrica futura.
Obrigado por ter lido o meu texto. A conclusão: produzimos menos energia hídrica do que no final do século passado, isso é disfarçado brincando com percentagem no contexto das renováveis e não números reais, o mesmo que fazem com votos, ignoram o número de votos e passam à percentagem dentro dos votantes. Assim se esconde o decréscimo. Portanto, os avultados milhões investidos na energia hídrica não têm obtido resultados para atingir os valores da última década do século passado, logo não funcionam, nem com 70 milhões em barragem e tecnologia mais avançada, digam-nos como fomos para muito pior com mais investimento? Lembro, 1995 tivemos uma produção de 147,28 GWh! A energia solar é que atinge "máximo histórico", investem e tem retorno. Menos betão e mais tecnologia!
Nota de explicação:
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