H á quem entre na política para servir o povo e há quem entre para servir-se a si próprio e, sejamos honestos, esses últimos são bem mais organizados! Criar uma empresa antes de assumir um cargo político? Brilhante! Assim, quando chega a altura de adjudicar contratos ou de decidir isenções fiscais, já está tudo no sítio. Afinal, se a vida dá limões, por que não fazer um refrescante desvio de fundos?
Tomemos como exemplo aqueles que, com uma astúcia quase sobre-humana, criam empresas antes de entrarem para a política. Porquê? Ora, porque antecipação é tudo! Quando chega a altura de adjudicar contratos, aprovar subsídios ou definir impostos, já está tudo alinhado. Um verdadeiro golpe de mestre! E depois há quem diga que os políticos não planeiam a longo prazo...
O alegado caso de Sérgio Gonçalves e o seu tão bem relacionado Grupo Sousa. Diz-se que coincidências destas nem o destino conseguiria engendrar. Um grupo poderoso, um político empreendedor, contratos públicos a fluir como um rio manso… Mas, claro, tudo dentro da legalidade, porque os melhores negócios são os que já vêm com uma bela moldura jurídica feita à medida.
Pedro Calado e Avelino Farinha, por sua vez, mostram-nos que a amizade e os negócios podem andar de mãos dadas, sem que isso levante qualquer suspeita. É bonito ver políticos e empresários a colaborarem tão bem para o crescimento económico, deles próprios, claro.
E o nosso Primeiro-Ministro, Luís Montenegro? Um verdadeiro visionário, a mostrar-nos que o jogo não é só para os casinos. Com uma estratégia política que mais parece uma roleta viciada, tudo indica que a banca nunca perde. Curioso como algumas concessões parecem feitas com régua e esquadro para beneficiar sempre os mesmos. Mas, lá está, não sejamos invejosos! Quem nos manda não termos um casino próprio?
Já Miguel Albuquerque, sempre inovador, decidiu redefinir o conceito de "habitação acessível" ao receber um leve IMI para alojamento local. Uma mansão de milhões deve ser tratada com todo o carinho fiscal, ao contrário do pequeno apartamento de um qualquer plebeu que se atreva a querer um pouco de sol no quintal. Os pobres que paguem a crise, os ricos que usufruam dos incentivos!
Mas atenção, não confundamos isto com corrupção. Nada disso! Isto são meras coincidências, deslizes administrativos, políticas de incentivo ao investimento. Tudo dentro da lei, evidentemente. Afinal, não vivemos numa república das bananas... ainda que, por vezes, pareça que estamos todos a ser descascados.
Quem diria que as oportunidades fluem tão bem quando se tem os amigos certos nos lugares certos? Há quem chame a isto tráfico de influências, mas os mais esclarecidos sabem que é apenas networking de alto nível. Uma dança perfeita entre política e negócios, onde todos os passos são dados com uma precisão milimétrica. Venham os novos secretários. Estamos à vossa espera para escrutinar.
Adere à rede social europeia Mastodon: a nossa conta
Adere à nossa Página do Facebook
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências e Opinião
Segue o site do Madeira Opina
Link para donativo
Informações
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.