Roma não paga a traídores


O anúncio de desistência de Miguel Silva Gouveia só apanha desprevenido quem se deixa enganar pela comunicação do PSD-M. O beneplácito que tinha na imprensa regional era já sinal de submarino muito bem plantado, que ora enchia para fazer mossa interna no PS, ora esvaziava na altura das eleições (é este tipo de derrotados que merece sempre o elogio do tio Alberto João).

Agora temos a demonstração de uma profunda cobardia, a qual pode muito bem ir além do plano político - veja-se como fica a situação do não-candidato na EEM.

A realidade é óbvia para qualquer um: Miguel Silva Gouveia não se candidata à Câmara do Funchal porque sabe que ia perder. Não há como negar. Aliás, se tivesse metade das qualidades que nos queriam vender, então avançava, demonstrando coragem, fazia valer o seu peso eleitoral e depois faria o que quisesse no partido.

Se esta atitude faz lembrar o "agarrem-me que senão vou-me a ele" do Carlos Pereira, não é coincidência, sendo que o resultado pífio demonstra que provém da mesma cepa (e quem sabe possui outras conexões em comum com o PSD-M).

Note-se que estamos a falar do proto-candidato que há muitos meses se anunciava como fazendo parte de uma coligação, relegando a sua ligação partidária. Enquanto as camaradas assumiam o combate na Assembleia pelo PS-M, fazendo valer o partido e deixando assim sementes para o futuro, MSG procura atirar esse trabalho para um beco.

Se a maior crítica a Paulo Cafofo foi ter saído da câmara para procurar alcançar o Governo Regional (e note-se que saiu tendo ganho), então o que dizer desta saída de Miguel Silva Gouveia.

Pelo caminho, o agora não-candidato leva consigo os egos amargurados das listas do PS-M, que vão resultar no problema de sempre: baralha e volta a dar e no final ganha o casino PSD-M.

E lá vamos ter o chorinho de raiva do João Pedro Vieira na segunda-feira, já se esquecendo do apoio ao Emanuel Câmara, demonstrando a habitual volatilidade temperamental. Os candidatos do PS-M às legislativas, o partido a nível nacional e Pedro Nuno Santos, podem bem agradecer mais este prego no caixão. E assim se demonstra também que para Miguel Silva Gouveia "que se lixem as eleições" (e os camaradas), pois o que importa é queimar. Se calhar pensou em dar a notícia em pleno almoço com o líder partidário na terça-feira, mas optou antes por um 25 de abril em que se demonstrou força à esquerda.

Naquilo que importa e que aqui se demonstra, é óbvio que o PS-M não pode continuar assim, sendo que a JPP é apenas um saco tipo MSG de maior amplitude. Para o PS-M é fundamental que surja alguém que seja realmente agregador, que esteja longe das queimadelas e dos egos amargurados do passado recente e que consiga trabalhar com todos, acabando com a saga dos contínuos saneamentos. Créditos extra ao ser alguém temido pelo PSD-M, livre das amarras que há 50 anos prendem esta região.

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