A morte lenta do Fanal


O núcleo regional da Quercus da Madeira está profundamente preocupado com a situação em que se encontra a Zona de Repouso e Silêncio do Fanal. A situação é de tal modo grave que se torna revoltante assistir a uma morte lenta deste extraordinário património natural.

Tis centenários insistem em sobreviver, mas os seus rebentos são logo devorados pelo gado que pasta livremente. Perguntamo-nos por que não impedem o acesso do gado a estas vetustas árvores? As vacas não têm consciência deste valioso património, mas quem está à frente do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) deveria tê-la e tem o dever de conservá-lo. Por que razão a Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Ambiente e o IFCN não tomam medidas para proteger este património? Por que razão não é impedido o pastoreio nesta área protegida e frágil?

Outro problema tem a ver com a visitação excessiva. Do elevado número de visitantes resulta um parqueamento automóvel que excede a capacidade dos dois parques de estacionamento existentes e, ao longo das bermas da estrada, aglomeram-se veículos de aluguer e todo-o-terreno repletos de turistas.

Em simultâneo, são dezenas e dezenas de visitantes que pisam o solo desta reserva, percorrendo-a a seu bel-prazer, sem que haja trilhos definidos. É ver gente empoleirada em tis centenários, para se fotografar, sem que qualquer vigilância os impeça. Em algumas áreas, o pisoteio é de tal ordem que já não se observam herbáceas e o solo nu, compactado e impermeabilizado, não permite a infiltração da água. Noutros locais, também pelo excessivo pisoteio, as raízes destas extraordinárias árvores encontram-se expostas, vulneráveis ao que se passa à superfície.

O Fanal não tem sido gerido como Zona de Repouso e Silêncio! Por que razão o IFCN não determina a capacidade de carga para esta e outras áreas protegidas, de modo a zelar pela sua integridade e conservação?

O governo regional finalmente reconheceu o problema da visitação exagerada e recomendou aos operadores turísticos percursos alternativos. Maneira subtil de “sacudir a água do capote”? Quando vão estes governantes arranjar coragem para controlar o acesso às áreas protegidas, salvaguardando os seus valores naturais? Não conseguem ver que espaços naturais degradados são também um péssimo cartaz turístico e dizem muito da falta de qualidade da governança?

Exigimos que o IFCN cumpra o seu dever legal de conservar o nosso património natural! Controlo da visitação e fim do pastoreio no Fanal, já!

Elsa Araújo
Presidente do Núcleo Regional da Madeira

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1 Comentários

  1. Só uma idiota dessas que só conhece o Fanal porque a uns anos a esta parte em estrada transitável lhe ocorre culpar as vacas pela situação atual. A dezenas de anos que existe pastoreio no Fanal e o convívio entre os Tis centenários e o gado (durante muitos anos havia até ovelhas que foram retiradas por iniciativa dos próprios donos...).
    Existe um problema no Fanal? Descobriram a pólvora....
    Tanto é óbvio que existe um problema como é óbvio que o problema é o gado de duas patas que por lá circula...inclusive os idiotas da Quercus....
    O Fanal e arredores (serras da Ribeira da janela e do Seixal) não ardem a dezenas de anos porque são protegidas pelo povo e pastores e não por idiotas da Quercus...
    Se querem ajudar pressionem as entidades competentes a criar circuitos internos de visita e ponham lá alguém a controlar o fluxo de centenas de turistas quem passam diariamente....
    Façam isso e deixem as vacas em paz (os animais não são natureza também?) e dêem um intervalo na erva que andam a fumar porque pelos vistos interfere com a vossa idiotice natural que já é só por si gigante....

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